A variedade é uma forma de escapar à monotonia – melhor: à rotina cansativa e, talvez, provinciana do dia a dia de uma região que, quer queiramos quer não, continua (felizmente que assim é) ainda algo mergulhada na terra, sorvendo avidamente o húmus de uma ancestralidade rural que a envaidece e faz inveja a muitos povos dessa Europa inchada na sua história, mas que, por mor das suas revoluções industriais, perderam, em grau acentuado, a sua identidade tão cheia de tradições, usos e costumes severamente a cheirarem a feno, a frutos e a flores silvestres.
Serve isto para dizer que – nós, os Beirões – nos orgulhamos do nosso provincianismo, pois ele vai no bom sentido, mantendo-nos com ânimo para a manutenção de valores que dignificam a nossa cultura e condição de gente da terra, de mãos calejadas e alma grande. Isto porque ainda se vivem e amam as coisas belas que a Mãe Natureza nos põe à disposição, apesar dos maus-tratos que, a cada momento, lhe infringimos, desrespeitando as primícias e os serôdios ofertados em bandeja ornamentada pelo mais requintado, artístico e afamado cinzel.
O Disco Compacto (C.D.) que o Rancho Folclórico “Verde Gaio” de Lordosa – arredores de Viseu – acaba de lançar é, precisamente, a súmula, feita realidade provada, de quanto atrás foi dito, pois, além de ser, a verdadeira expressão do folclore regional, é também a demonstração efectiva e afectiva do ser, do sentir e do estar de uma freguesia que ainda tem vaidade e muito, muito orgulho no seu passado e que, não sendo, por isso, saudosista, vai em frente na busca e conquista de um futuro que deseja e luta para que se torne, auspiciosamente, belo e rico em valores culturais, artísticos, económicos, sociais e, vinque-se, humanos, na construção de uma nova sociedade e, em consequência, de um novo mundo, cheio de Amor e Paz.
Parabéns! J
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