sábado, fevereiro 23, 2013

«Eu»


Diante do espelho – como na “Aparição” de Virgílio Ferreira –, cada um de nós se demanda quem é e como é. Todavia, mormente os esforços dispendidos, quase nunca se alcançam as respostas certas e inquestionáveis.
Só o “Eu” pessoal poderá, eventualmente, encontrar e encontrar-se para dar satisfação individual e inequívoca às questões, ainda que subliminarmente, levantadas.
O Homem – seja como seja, ou seja qual for a sua condição social – sempre imporá a si próprio, muito naturalmente, tais interrogações. Só o não fará se as suas potencialidades mentais, ou a sua debilidade cultural o impedirem.
As dúvidas existenciais não são preocupação moderna. Por certo que, desde que o Homem se ergueu e caminhou sobre duas pernas, a inquirição do por quê e do como da sua estada na Terra se impôs no seu intelecto. Temos todos, como é óbvio, uma árvore genealógica que nos informa da nossa condição genética. Mas não é isso o que buscamos e nos preocupa. É algo mais importante e, talvez, por ser mais transcendental, muito mais enigmático no adicional mistério das nossas vidas.
Provavelmente (acentuamos: de certeza), todas estas perplexidades existenciais humanas advêm do medo, imposto pela irreversibilidade da morte física a que ninguém (ainda e presumo que sempre) consegue escapar.
Penso (eu – simples autor deste modesto e despretensioso texto) que estas questões, da humilde criatura humana não se põem àqueles que, com extremada convicção, aceitam a reencarnação, ou seja: o regresso, post-mortem, do espírito (alma), através de um outro ser, para expiação de erros do passado – «Lei do Retorno». Teoria com que não posso concordar, pois, para mim, a Energia Superior que rege o Universo, apesar de tudo e de ser elevadamente inteligente, não usura e, portanto, não cobra pagamento por aquilo de que não nos recordamos.
No entanto, de forma bem vincada, tudo isto modela e define o comportamento individual das pessoas e, ao inverso do que se possa pensar, não colide, nem adultera o raciocínio de Freud ao determinar, como vectores principais do comportamento humano, o Ser (importante), o Ter (riqueza) e o Prazer (excitação agradável dos sentido).
Somos, afinal, um animal muito complexo e, depreende-se, muito dependente de nós próprios e, relevantemente, do nosso semelhante.
Por quê, então, tanta desavença, indignação, discórdia: Guerra?!...
– Existo! Sou o que sou, porque sim!!! – Conclui, perentório, o meu Eu.g

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