Diante do espelho – como na
“Aparição” de Virgílio Ferreira –, cada um de nós se demanda quem é e como é.
Todavia, mormente os esforços dispendidos, quase nunca se alcançam as respostas
certas e inquestionáveis.
Só o “Eu”
pessoal poderá, eventualmente, encontrar e encontrar-se para dar satisfação
individual e inequívoca às questões, ainda que subliminarmente, levantadas.
O Homem – seja
como seja, ou seja qual for a sua condição social – sempre imporá a si próprio,
muito naturalmente, tais interrogações. Só o não fará se as suas potencialidades
mentais, ou a sua debilidade cultural o impedirem.
As dúvidas
existenciais não são preocupação moderna. Por certo que, desde que o Homem se
ergueu e caminhou sobre duas pernas, a inquirição do por quê e do como da sua
estada na Terra se impôs no seu intelecto. Temos todos, como é óbvio, uma
árvore genealógica que nos informa da nossa condição genética. Mas não é isso o
que buscamos e nos preocupa. É algo mais importante e, talvez, por ser mais
transcendental, muito mais enigmático no adicional mistério das nossas vidas.
Provavelmente
(acentuamos: de certeza), todas estas perplexidades existenciais humanas advêm
do medo, imposto pela irreversibilidade da morte física a que ninguém (ainda e presumo
que sempre) consegue escapar.
Penso (eu –
simples autor deste modesto e despretensioso texto) que estas questões, da
humilde criatura humana não se põem àqueles que, com extremada convicção, aceitam
a reencarnação, ou seja: o regresso, post-mortem, do espírito (alma), através
de um outro ser, para expiação de erros do passado – «Lei do Retorno». Teoria com
que não posso concordar, pois, para mim, a Energia Superior que rege o Universo,
apesar de tudo e de ser elevadamente inteligente, não usura e, portanto, não cobra
pagamento por aquilo de que não nos recordamos.
No entanto, de
forma bem vincada, tudo isto modela e define o comportamento individual das
pessoas e, ao inverso do que se possa pensar, não colide, nem adultera o
raciocínio de Freud ao determinar, como vectores principais do comportamento
humano, o Ser (importante), o Ter (riqueza) e o Prazer (excitação agradável dos
sentido).
Somos, afinal,
um animal muito complexo e, depreende-se, muito dependente de nós próprios e,
relevantemente, do nosso semelhante.
Por quê,
então, tanta desavença, indignação, discórdia: Guerra?!...
– Existo! Sou
o que sou, porque sim!!! – Conclui, perentório, o meu Eu.g