Hoje, ao abrir a minha caixa de correio electrónico, deparei com o pedido de uma amiga, directora de um jornal regional, solicitando-me uma resposta para a pergunta: «acha que deve ser feito, em Santa Comba Dão, o Museu Salazar? Ao que respondi, simplesmente: Um Museu, sim. Mas jamais um museu com o nome e que exalte a sua figura. Um museu, sim, mas para mostrar, às gerações do pós 25 de Abril de 1974, o que foi a ditadura fascista e o quanto sofreu o povo português durante esse triste período da nossa história recente. Um museu, sim, mas não para enaltecer um homem cuja marca no passado foi repressivamente de coacção de direitos e liberdades essenciais do ser humano em Portugal. Culto dessa nefanda personalidade por quê e para quê? Será que não nos bastaram 48 anos dessa triste divinização?
Eu sei bem do que falo, pois vivi e senti na pele as consequências dum regime cruel.
Depois de ter frequentado o 1º e 2º (agora 5º e 6º) ano do (então) Curso dos Liceus no ensino particular (Escola Académica de Viseu) frequentei o Curso Geral de Comércio, na (velha) Escola Industrial e Comercial de Viseu, (hoje Secundária Emídio Navarro) como “ouvinte”, pois o então director, Dr. Carlos Damião Franco – fascista de muitos costados e “adorador do Deus Salazar” – me não deixou ir a exames sob a afirmação (falsa) de que era muito lento na prestação das provas escritas. – Triste e esfarrapada desculpa para mascarar a sua aversão aos que, por isto ou por aquilo, não pertenciam à “raça pura” ou eram contrários às suas ideias ou buscassem a igualdade e a liberdade!...
Também na aquisição de empregos o fascismo me pregou partidas, como, por exemplo: pela mão do Dr. Fernando Russel Cortez, que dizia ser “muito meu amigo”, para Animador de Acção Cultural no Museu de Grão Vasco, de que ele era Director, descobri que o meu requerimento de candidatura tinha, propositadamente, desaparecido, só voltando a ser visto, no fundo duma gaveta num armário/secretária, depois de supridas as vagas e nada já ser possível.
O que sou e o que consegui fi-lo com muito esforço, auto didacticamente, depois da “Revolução dos Cravos”.
Será preciso dizer mais alguma coisa?...
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