terça-feira, fevereiro 06, 2007

Paz

Há dias fui visitar pessoa amiga que me apresentou um cavalheiro que disse andar já, há algum tempo, a ver se entrava em contacto comigo, pois tem intenção de criar uma Associação cujo principal objectivo será a luta pela moralização da sociedade em várias matérias, como a justiça social e o equilíbrio emocional da sociedade tendo em vista diminuir assimetrias e acabar com a guerra.

Achei o projecto interessante, mas, após breves minutos de conversação, verifiquei, com certo espanto, que o bom do homem, independentemente da sua enorme boa vontade, não tinha quaisquer ideias definidas, muito menos conceitos firmes e plausíveis sobre o que é a sociedade, nem sobre o que é ou não é a moral, também não sabendo o que é a paz, já que, para si (creio-o) como para muita gente, esse bem precioso da humanidade é “a ausência da guerra bélica”. O que, de facto, não é.

Paz não é, não pode ser nunca, a ausência de batalhas mediáticas com tiros, facadas ou murros entre facções desavindas. Paz é o sentirmo-nos bem connosco e com os outros. Mas isso implica uma permanente e custosa luta travada na nossa mente e no nosso espírito, o que pressupõe e exige constantes e complicadas mudanças na nossa maneira individual de ser e de estar.

Cristo tinha razão quando disse que não veio ao mundo trazer a paz. E é verdade, os pais estão contra os filhos, irmãos contra irmãos, vizinhos contra vizinhos etc., porque a busca e o encontro connosco mesmos, impõe uma imensa luta dentro de nós e leva a que, permanentemente, conflituemos no nosso íntimo e, por arrasto, com quem nos rodeia. Porém esse constante conflito, dentro de cada um, é salutar, muito salutar mesmo, porque leva ao conhecimento próprio e dos outros e… daí, ao bem-estar espiritual, numa palavra: á Paz.

Se estiver errado, digam-mo, que eu agradeço.

Sem comentários: