Morreu o velho ditador Augusto Pinochet.
Até aqui nada de novo. Os homens por velhice ou por doença morrem. A lei da vida é exactamente essa. Tudo o que nasce morre, mais cedo ou mais tarde.
No entanto a morte do ditador Chileno revestiu-se de uma característica que a mim me pareceu nada comum e sobretudo de grande negativismo mental (ia a dizer comportamental). Enquanto uns –muito poucos – choravam o caudilho, outros – muitos milhares – festejavam alegremente o seu desaparecimento do mundo dos vivos.
Por quê tais atitudes? O homem há muito que já nada podia, nem fazia por ou contra o povo e o país. Tinha – há bastante tempo – “arrumado as botas”, como se usa dizer. Não era esperança para ninguém, Mas, também, não constituía perigo para quem quer que fosse.
Por isso, acho eu, (ás vezes sou tão estúpido…) qualquer dos comportamentos revela uma certa alienação mental, deveras comprometedora de uma democracia em desenvolvimento como me parece ser o caso do Chile, porque são verdadeiramente demonstrativos da dúvida reinante nas mentes dos que choravam e dos que riam. Afinal, ambos os grupos revelavam insegurança e incerteza no seu futuro e no futuro do seu país.
É aqui que reside o negativismo das duas alienadas atitudes. Uns choravam saudosisticamente, talvez na esperança de um retorno ao mau passado da ditadura do velho general; outros jubilavam possivelmente na esperança de que, sem o ditador, possam mudar as coisas para si e para os seus.
Uns e outros cometiam o erro do seu pensamento mal formulado e indefinido, totalmente fora da conjuntura política da sua pátria, tão martirizada ao longo dos séculos. Se os primeiros carpiam benefícios gozados no passado recente, os segundos dançavam com o sonho de virem a sentir o prazer de um utópico viver sem sacrifícios. Não restam dúvidas. Ambas as facções mostraram não ter noção do seu porvir, o qual não é feito de meras manifestações de pesar ou de jubilo, mas, tão somente, do dar de mãos e do arregaçar de mangas, avançando para um trabalho árduo, doloroso e convicto de construção de valores e princípios que urge (re)encontrar.
Felizmente – ao que nos foi dado ver, pelas televisões – não foi o país inteiro que assim procedeu, foram – cremos – apenas duas minorias sociais que carecem ainda de dar passos rápidos e largos na aprendizagem e na vivência democrática e que precisam, também, de muito esclarecimento social e humano.
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