Tenho medo de ter medo do medo
Porque o medo não é triste, nem ledo,
Por isso não me quedo e fico morto:
Eu vou avante em busca de outro porto
Onde possa viver sem sentir medo
E ser feliz e ser eu, sem demora,
Para cantar e rir a toda a hora
Numa felicidade sem espora
De cavalo que corre e chega cedo
Á manjedoura farta que sonhou
Quando a mais negra fome o apertou.
O medo do meu medo não morreu,
Nem se esvaiu no fundo duma cova,
Mas apenas e só emudeceu
No interior sarado, da alma nova
Que em meu ser desgastado renasceu
Para ter, afinal, o medo ausente
E assim poder viver eternamente
Na mui bela cidade do sorriso,
Onde quero ficar em pleno siso.
Sem comentários:
Enviar um comentário