quinta-feira, agosto 31, 2006

Medo

Tenho medo de ter medo do medo

Porque o medo não é triste, nem ledo,

Por isso não me quedo e fico morto:

Eu vou avante em busca de outro porto

Onde possa viver sem sentir medo

E ser feliz e ser eu, sem demora,

Para cantar e rir a toda a hora

Numa felicidade sem espora

De cavalo que corre e chega cedo

Á manjedoura farta que sonhou

Quando a mais negra fome o apertou.

O medo do meu medo não morreu,

Nem se esvaiu no fundo duma cova,

Mas apenas e só emudeceu

No interior sarado, da alma nova

Que em meu ser desgastado renasceu

Para ter, afinal, o medo ausente

E assim poder viver eternamente

Na mui bela cidade do sorriso,

Onde quero ficar em pleno siso.

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