quinta-feira, julho 28, 2011

Mais falas sobre Pasteis de Vouzela

De vez em quando, vejo-me a falar do que sei. E eu sei muitas coisas como, por exemplo, sobre os Pasteis de Vouzela e de Tentúgal, os quais tiveram a mesma origem: as freiras carmelitas. Sendo os primeiros provenientes do Convento de Santa Clara do Porto – como já o escrevi – e os segundos do Convento de Nª. Sª. da Natividade (junto a Tentúgal) que era uma espécie de extensão do Convento de Santa Clara de Coimbra.

Esta (hoje) guloseima, teve razão de ser, porque às contemplativas religiosas sobravam gemas de ovos, já que as claras eram usadas na engomagem e brunido das suas roupas, bem como as dos Santos dos altares.

Nesses recuados tempos, abundavam (tal como agora) pobres desnutridos e a padecerem de “fraqueza” (anemia e tuberculose – como se diz hoje) que careciam de reforço alimentar no que a gemas eram óptimas. Todavia, como a farinha não era excedentária, havia que esticá-la ao máximo possível, afim de chegar para embrulhar as gemas de todos aqueles ovos, a dar aos necessitados doentes das redondezas de cada um dos Conventos, donde as irmãs irradiavam seu bem-fazer.

A título de curiosidade, sempre direi que as finas folhas de farinha esticada e depois de levadas ao forno, são o folhado mais fino do Mundo, pois têm de espessura 0,075 de milímetro.

Tenho, entretanto, muitíssima pena que em Vouzela não haja uma confraria ou instituição que, de forma empenhada e efectiva, trate da salvaguarda deste belo património gastronómico regional, como sucede em Tentúgal.

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