quarta-feira, janeiro 30, 2008

A agressividade e o Ensino

A evolução natural das coisas, conduz, muitas vezes, a períodos de muita convulsão social e, até, moral, pois não é fácil entender e aceitar a mudança, sobretudo quando não se têm conhecimentos e/ou abertura adaptativa para tal.

Muitos de nós ficamos bloqueados com o que é novo, quer seja material, quer seja ideológico e entramos, desgraçadamente, em contestação subconsciente ou mesmo efectiva, com actos que, normalmente, nunca nos passaram sequer pela cabeça, nem como realidade, nem como mera fantasia.

O avanço da ciência, nestas últimas décadas, tem sido, para os leigos, verdadeiramente alucinante de tal modo – acho que já disse isto noutra ocasião – que o que ontem era uma certeza incontestada, hoje, com uma nova descoberta, deixou de ser. E esta (óptima) instabilidade leva a que os menos preparados entrem conflito não só consigo mesmos, mas, lamentavelmente, com quem os rodeia.

É esse mal-estar – direi: de certo modo colectivo – que produz toda a agressividade dos nossos dias e, também, ocasiona estados de depressão individual formadores de doenças neurológicas, espirituais e físicas cada vez em maior número e com terapêutica difícil de encontrar e de executar eficazmente.

Por isso, se mata sem motivo, se fere o nosso semelhante na alma e no corpo e se destroem valores e bens que não nos pertencem.

Como solucionar o problema? Na minha modesta maneira de ver, com um Ensino e Educação mais correcto, na forma e na essência, que valorize os docentes de modo a levá-los a um maior empenhamento na sua missão, de preparar os seus discentes para o impacto das mudanças, constantes e céleres, de cada dia.

E isso passa pela renovação dos quadros e pelo incentivo da efectivação e jamais, como sucede hoje, pela precariedade e pela incerteza, permanente, de colocação desses mesmos quadros.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Sonhar é bom e é preciso

Sente-te bem com os sonhos,

Por mais negros e bisonhos

Que sejam, abrem estradas

Que outrora eram ignoradas

E viram o Mundo,

Tão louco e imundo

Em que ‘inda vivemos

E em que morreremos

Na incapacidade

De termos a Paz

P’ra Eternidade

Que nos satisfaz

E nos dá vontade

Para prosseguir

Rumo ao Porvir,

Tão feliz e tão contente

No meio de muita gente

Que a alma será pequena

Para o que mais vale pena!...

Sonhar: é viver de novo,

É ser fruto do renovo

Pelo qual tanto se espera,

Com fé noutra Primavera,

Seguindo sempre p‘rá frente,

Buscando melhor Presente

E construindo um Futuro

De mais Sol e menos ‘scuro!

sábado, janeiro 26, 2008

O Sonho

«Eles não sabem que o sonho comanda a vida…» – diz António Gedeão, no célebre poema intitulado “Pedra Filosofal”, musicado e cantado por Manuel Freire, talvez como modo de estimular os seus alunos (o poeta era, na vida profissional, o Professor Rómulo de Carvalho) a terem ideias e a aplicá-las, tornando aquilo que, certamente, parecia ser meros sonhos em realidade palpável e concretizada para o bem próprio e para o da humanidade.

Os sonhos desse poema são ideais (ou ideias) de grande nobreza e de grande utilidade para os homens e, por isso, são ética, filosófica, perfeita e politicamente correctos.

Todavia, apesar desse esforço de estimulação ou motivação positiva, vêem-se hoje muitos seres humanos sem capacidade de sonhar e de ir em frente, na busca de novos projectos que mudem o pensamento e a vida dos intervenientes das acções globalizantes do mundo em que (ainda) habitamos e onde se cometem erros, verdadeiramente, de “bradar ao Céu”.

… São as assimetrias sociais e económicas, cada vez mais notórias, entre os cidadãos; são as guerras e as revoluções gratuitas, porque sem nenhuns objectivos a não ser a ganância e são, abusivamente, os atentados à boa organização da mãe natureza.

Se isto é sonho, eu não quero mais sonhar!... Não quero ter mais ilimitadas projecções de esperança!... Nem quero desenhar mais um Mundo luminoso e belo que, afinal, só eu vejo e desejo!...

Que venha a irmã morte e me tire de tal pesadelo!...

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Perguntas

Será que estar e ser calado é defeito enquanto se realizam coisas?
Será que perdemos o direito à indignação?
Será que voltamos ao " come e cala"?
O que pensa quem vive da política?
Quantos anos vamos passar a regredir e a ficar na cauda dos países em evolução?
Isto é grito de revolta e dor por vermos tudo de mal a pior.
Onde está a esperança em dias melhores?
Calem-se os políticos, olhem para o aumento da pobreza e façam algo de bom!...

quinta-feira, janeiro 24, 2008

... "Onde vai este país?"

«Quando não se gosta, põe-se na borda do prato» – ensinaram-me, quando era menino de tenra idade – porque menino continuo a ser, agora ainda mais, apesar de já ter ultrapassado as setenta Primaveras (ou “Invernos”, não sei).

Só que o rejeitar seja o que for, nem sempre é tão linear, quanto diz o aforismo atrás citado. A mais das vezes, tenho de “engolir sapos” bem difíceis de tragar, mas quem sou eu para me opor? A minha força é totalmente nula para contrapor àquilo que julgo não ser bom para mim ou para o meu semelhante.

O pensamento das pessoas nem sempre é executável no que elas desejam. Há entraves de toda a ordem e, o que é bem pior, (pré) conceitos tão disparatados a vencer que o melhor é engolir em seco, fazer uma careta de desagrado (ou de desagravo a nós mesmos) e prosseguir caminho, na esperança – tantas vezes mórbida – de que amanhã será outro dia, com o Sol a iluminar-nos e a aquecer-nos a alma e o corpo cansados de tanto serem vilipendiados e reprimidos.

Generalizando direi apenas que os políticos, do cimo dos cumes a que acederam e no despotismo do seu poder, deixam de ser gente e passam a máquinas calculadoras, a somarem dinheiro sobre dinheiro, e semáforos informatizados a sinalizarem, friamente, o rumo de quantos lhes estão abaixo. E é-lhes indiferente se daí advém dor e míngua. O importante é que a eles nada falte. O Povo que se esfalfe e desunhe e… empobreça a cada dia, como está, actualmente, a suceder devido á queda do poder de compra da maioria dos cidadãos.

Ai, meu país, meu país, para onde vais com tanto político insensível e ganancioso?!....

terça-feira, janeiro 22, 2008

Ensino Especial, de novo

Há uns artigos atrás, falei na questão a formação de Professores para o Ensino Especial dizendo que não entendia muito bem das razões que levaram á eliminação ou a redução dessa formação tão importante.

Nem de propósito! Pois os últimos noticiários das Televisões têm vindo a dar conta de que o Estado pretende acabar com as Escolas de Especial integrando esses alunos no chamado ensino normal, dando-lhes, entretanto, o apoio de que precisarem, através de docente para isso qualificados.

E, aqui, surgem duas perguntas: onde estão esses professores se acabou a formação em Ensino Especial? E esses meninos, com outro ritmo de aprendizagem, não irão prejudicar os restantes ficando, também eles, seriamente, prejudicados?

Quanto à primeira questão pode-se, naturalmente, dizer que basta transferir os actuais professores das Escolas de Ensino Especial para as Escolas do dito Ensino Normal, ficando eles com o encargo de, nas suas áreas de especialização, garantirem o apoio necessário aos alunos com deficiência. Se assim for, do mal o menos!...

No que concerne à segunda interrogação, confesso que não tenho (creio que ninguém, com algum conhecimento na matéria, tem) uma resposta cabal para o problema, já que se levantam realidades tão palpáveis, mas ao mesmo tempo imprevisíveis que nem sequer se vislumbram.

E, no meio de tudo isto, quem acaba na “mó de baixo” é, infelizmente, a pessoa com deficiência. Primeiro porque não se lhe adequam condições espaciais. Segundo porque, mesmo transferindo docentes, acabará por haver, nesse caso muito mais, insuficiência de trabalhadores de ensino e de acção educativa necessários à especificidade de cada um desses alunos.

Isto são, de certeza, pontos que o Estado - como pessoa fria que é, falo com conhecimento de causa – não considerou e que é fundamental ter em conta no âmbito da escolaridade e da educação especial e (até) geral dos cidadãos.

O tempo o dirá!

Contudo, do alto da minha cátedra de pessoa com deficiência e ampla experiência nesse campo, sempre direi que a razão está do lado de todos aqueles que, diariamente (pais, professores, técnicos, auxiliares e dirigentes de Instituições), vivem com e no meio dessa vastíssima problemática.

Quando uma vestimenta se rompe não basta remendar, para que não digam que «foi pior a emenda que o soneto», é preciso preparar a sua substituição por uma nova, mais resistente e bonita.

Por isso, é importante e necessário estudar bem a decisão a tomar, porque se voltarmos a usar do mesmo pano sem olhar às conjunturas da sociedade e da vida, tudo voltará, de novo, ao início, só que, desta vez, com muito maiores e mais graves resultados.

Quem tiver mente, que entenda!...

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Divagar

Digam que não, ou que sim,

Ou digam assim, assim,

Já não acredito em nada,

Pois a “vida” ‘stá parada.

Por isso, agora detesto

Os arrogantes políticos:

Criam sonho, em manifesto,

E quedam-se paralíticos.

Que mundo cão em que estamos

Que até já não nos amamos?!...

sábado, janeiro 19, 2008

O que é a simplicidade?

«As coisas complexas são inimigas de Deus.» – Escreveu alguém, cujo nome me não vem, neste momento, à lembrança.

Ora, assim sendo, não é fácil entender “Deus”, nem como “pessoa”, e muito menos como Dimanação da Energia Universal, como eu e todos os cientistas o vêem.

Se Deus é e está em todas as coisas, porque é que todas as coisas não são perfeitas? Porque tem a Natureza algumas aberrações?

Algumas vezes me quedo a meditar sobre isto e fico, parvamente – permitam-me este termo –, confuso e sem uma resposta que me satisfaça e dê tranquilidade à minha forma de pensar e reagir.

O que é, afinal, a simplicidade? Será a (complexa) flor de duas, três e mais pétalas? Então a simplicidade não seria ter uma só pétala? E se tivesse uma só pétala não teria, entretanto, milhares de moléculas a dar existência a essa (“complexa”) estrutura?

Como se vê o próprio “Deus” é já ele duma complexidade tão relevante que não entendo onde está a simplicidade.

Quando falamos ou escrevemos tem de haver alguma complexidade na frase, pois, de contrário, não haverá possibilidade de entendimento da mensagem. Se alguém disser só: ai! Está, nesse instante, a transmitir uma qualquer mensagem, mas fica-se sem saber se é de dor, de preocupação ou de susto. Para entendermos o “ai” temos de ver e/ou conhecer a origem e aí desaparece a simplicidade.

Ou estarei errado ao raciocinar deste modo?

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Ensino Especial

Queixam-se, com muita razão, alguns professores, com quem me dou, que, devido a ter-se acabado com a formação e especialização na área do Ensino Especial, as dificuldades, (claro, por absoluta falta de preparação) sentidas são imensas e diversificadas quando, numa turma, têm alunos com deficiência e, por isso, a necessitar de apoio diferente ao resto dos discentes.

Não sei quem foi o “iluminado” que acabou com tal tipo de formação (nem isso vem ao caso), mas sei, por experiência própria (como pessoa com deficiência) e porque muitas vezes fui convidado a dar aulas (e até cursos) sobre essa problemática, o quanto era salutar e indispensável – aos professores – obterem conhecimentos em tão importante, quanto vasta, matéria.

Cada caso é bem diverso do outro, de acordo com cada tipo de deficiência, mas se houverem algumas bases académicas a servirem de suporte ao trabalho didáctico/pedagógico, da pessoa que tem a nobre e difícil missão de ensinar (e mesmo educar), a tarefa torna-se rendável e agradável, porque com resultados muito (ou mais) positivos.

Acabou-se com essa formação provavelmente tendo em vista o facto de que há que dar a todos os cidadãos um tratamento de igualdade e autêntica integração social, com que concordo plenamente.

Todavia, essa louvável atitude, na prática, não resulta. Porque, para lá das boas intenções morais e filosóficas, é fundamental estar, devidamente, preparado para as várias situações que o docente vai encontrar na sala de aulas. Sem conhecimento (empírico ou escolar) não é possível ter sucesso, seja no que for.

E os erros, no campo da formação humana, têm sido tantos e tão graves, que corrigir mais este – voltando à formação e especialização dos professores para o chamado Ensino Especial – é urgente e totalmente necessário. Tenhamos disso consciência!

terça-feira, janeiro 15, 2008

A verdade nas Tradições e no Folclore

No passado sábado, 12 de Janeiro, embora com um atraso relevante quanto à data apropriada, assisti, em Viseu, no auditório “Mirita Casimiro”, a um encontro de Cantadores de Janeiras e Reis e… fiquei triste.

Triste porque sempre considerei que as “Tradições e o Folclore” do Povo são para ser respeitadas, ensinadas e divulgadas com toda a verdade (boa ou má) por mais cruel que ela nos pareça. Esse julgamento não é o mais importante. O que conta é a forma como estava inserida na conjuntura cultural e social da época, cabendo aos grupos e, vincadamente, aos seus dirigentes, desenvolver, nas apresentações, um trabalho pedagógico de esclarecimento do público e jamais de escamoteação dessa verdade – salvo se a ignorância do apresentador não der para mais.

Vem isto a propósito de o apresentador de um dos grupos ao dizer que «quando um grupo de cantadores, não recebia nada, numa casa onde se deslocara para cantar as Boas Festas, se ia embora.»

Ora esta afirmação não corresponde à verdade, já que, quando tal sucedia, era lançado, em coro, um “brado de escárnio” que, variando consoante a região, rezava (mais ou menos) assim:

«Esta casa cheira a unto,

Aqui mora um defunto;

Esta casa cheira a alho,

Aqui mora o rebotalho;

Esta casa ‘stá sebenta,

Aqui há gente avarenta.

E p’ra acabar com as brigas…

Toca a andar sem mais cantigas!»[1]

E lá se iam, de sentidos bem alerta, não viesse por aí uma saraivada de chumbo de algum velho arcabuz

E não digo mais nada!...



[1] - Recolha feita por mim, junto de pessoas idosas em 1961, na região de Viseu.

sábado, janeiro 12, 2008

A Morte - forma de requalificação

Há coisas que não consigo entender. Uma delas é porque quando morre alguém (rico ou não), mas que deixe alguns quaisquer pertences, logo os familiares, ou não, se apressam (quase como quem anda a roubar) em levantá-los para uso e proveito próprios.

Tenho até conhecimento (por experiência adquirida ao longo dos anos, que já conto) de casos em que esse “assalto” se deu, a coberto da noite, e com o corpo do defunto ainda jazendo na “pedra fria” da morgue.

A ganância é um defeito terrível nalguns seres humanos. Pessoas de postura pacata, num repente, tornam-se verdadeiros “abutres”, em disputa da “carniça” que outros deixam como despojo final.

Noutros casos – sei-o eu, de fonte segura –, famílias que dantes eram exemplo de bem-querer envolvem-se, após a morte dos seus progenitores, ou testadores, em verdadeiras batalhas, em luta pelo melhor naco do património a ser partilhado. E zangam-se. E ficam de relações cortadas para o resto das suas vidas.

Mas estas atitudes não são exclusivas de gente de poucos teres, pois, entre pessoas ricas, e bem ricas até, sucede o mesmo, perdendo toda a compostura do seu estado económico/social.

Para quê e por quê tais comportamentos? – É-nos lícito inquirir.

Afinal, a depuradora morte – na normal sucessão e equilíbrio da Natureza para a continuidade em novas gerações – pode também ser factor de desavença e de mal-estar na medida em que pode desarmonizar aquilo que era (parecia) um mar tranquilo numa praia de areia branca e palmeiras a sombrearem as dunas.

É, talvez, este contraste que possibilita o desmascarar das situações e leva, obviamente, ao apurar da espécie humana, permitindo separar o “trigo do joio”, para que este seja destruído e fique só o cereal limpo que vai possibilitar uma boa sementeira e, daí, uma colheita mais apurada, num Mundo mais justo e, por isso, mais pacífico e melhor para ser habitado pelos que nos hão-de suceder.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

As crianças merecem tudo

«(…)O melhor do Mundo são as crianças! » – Disse Fernando Pessoa. Nós, naturalmente, como é óbvio, subscrevemos plenamente a afirmação.

Mas, infeliz e lamentavelmente, os órgãos de Comunicação Social, andam ainda carregados de notícias em que o pensamento pessoano é espezinhado descaradamente, por todo o tipo de indivíduos.

E o que nos repugna e dói é que, entre os causadores do mal da pequenada, estão também incluídas Instituições Oficiais que, negligentemente, não cuidam de acautelar situações, deixando escancarados buracos de esgotos de águas de saneamento ou pluviais; valas sem qualquer tipo de vedação que evite a queda de alguém e o seu consequente afogamento. Foi o caso, noticiado, de um bebé de 18 meses que veio a falecer por ter caído numa dessas “ratoeiras”.

Para que servem, os fiscais camarários? Não será seu dever alertarem os serviços competentes para as anomalias? Ou será que só lhes cabe passar multas, por coisas comezinhas e sem significado como, tantas vezes, sucede?

Em tempos idos, havia, em certos Municípios, funcionários encarregados de circularem, de olhos bem atentos, chamados pelo povo de “olheiros”, cuja obrigação laboral era, exactamente, detectarem todas as anomalias existentes que pudessem causar dano a quem quer que fosse e concretizar a sua rectificação.

Essa prática cabe – cremo-lo, hoje – aos Órgãos de Comunicação Social que, louvavelmente, estão, em permanência, a alertar para tudo, o que de mal, detectam. Todavia, os “governantes” e os políticos, sem que se entenda porquê, fazem “ouvidos de mercador” e deixam tudo “como dantes no Quartel-General em Abrantes”.

Como diria o saudoso Fernando Pessa: «E esta? Hein!...»

terça-feira, janeiro 08, 2008

Continue-se "a bradar no deserto"

O mar é bom, quando regulariza o clima e quando nos enche o estômago com os seus deliciosos frutos e quando nos retempera o corpo durante as férias, mas, como toda a Natureza, exige que o respeitemos e amemos, pois, de contrário, pode “revoltar-se” e ceifar vidas.

Apesar de todas as inovações tecnológicas, no âmbito da previsão meteorológica e noutros campos da ciência, ainda continuamos sem conhecer, devidamente, as potencialidades da Natureza e as suas capacidades de, para corrigir os erros que contra ela cometemos, se regenerar.

Todavia ao refazer-se de tais danos, a Natureza – mesmo que isso nos atinja seriamente, como, por exemplo, sermos exterminados da face da Terra que, agredimos com a nossa desmedida ganância economicista – ela tem de usar de meios drásticos e demorados na reposição da “sua” normalidade.

Na imensidão das medidas cósmicas, um ou 65 milhões de anos, não tem qualquer significado. Esse período, a que chamamos “Tempo”, não existe se não na nossa imaginação de seres micro infinitesimalmente pequenos, por isso mesmo, sem sentido, salvo para nós próprios.

Porque não damos conta de tal realidade, nem a queremos aceitar por nada deste Mundo, teimamos no desrespeito pela defesa e salvaguarda do valor astral do nosso planeta e, como a laranja finita, teimamos em espremer os seus recursos não renováveis ou renováveis a longo prazo (florestas, aquíferos, etc.) até à última gota.

Nós, os que amamos a vida e o belo que nela existe, bem gritamos os nossos alertas, mas parece que bradamos no deserto.

Por isso, como João Baptista – mesmo correndo o risco de quedarmos sem cabeça – não podemos desistir de erguer, de todos os modos, a nossa fraca voz, na tentativa de que alguém, com poder e meios para tal, nos possa vir a escutar.

E, arrepiando caminho, junte sua voz à nossa fazendo, em consequência, com que aqueles que agora bradam no deserto, passem a fazê-lo, com intensidade e proveito geral, nas praças públicas das grandes concentrações sociais e humanas, para que, em comunhão geral de ideias e atitudes, consigamos não voltar a desrespeitar a Natureza que nos ama se a amarmos.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Nevoeiro político

Em dias de nevoeiro é costume as pessoas sentirem-se deprimidas por não verem e sentirem o Sol encher os seus olhos e aquecer o corpo e alma.

Mas os dias cinzentos de nevoeiro são, ainda assim, dias de esperança. Pois diz um velho aforismo popular: «dia de nevoeiro é dia de soalheiro.»

Só que, ao que parece, em matéria de política, as coisas não são assim tão lineares quanto isso. Uma intensa bruma de más medidas governamentais envolve o Mundo e ninguém tem a humildade de mudar de atitudes, tendo em vista que urge que o sol brilhe na vida das comunidades e dos países.

A arrogância e a propaganda dos políticos, quanto à bondades das suas acções, é assustadora e adensadora do nevoeiro que tapa a visão desta humanidade sofrida e sofredora.

E… estupidamente, continua-se a destruir a Natureza e a atropelar os direitos de cada um, de modo que cada vez é maior o número de pobres ou dos que empobrecem em favor de uns tantos que cada vez mais, também, ficam mais ricos, não deixando que o nevoeiro desapareça para raiar o sol da saúde, da educação, da justiça, do trabalho para todos, da paz e… (por que não?) do amor.

Quem tem coragem de modificar tal situação? Penso que cada um de nós, à sua maneira, lançando o seu grito de indignação e não aplaudindo, servilmente, os governantes que adensam a bruma que nos rouba o gosto de desfrutarmos do prazer de viver com dignidade e com a devida igualdade de direitos e deveres.

Basta de nevoeiro! Querermos Sol a brilhar no Céu Azul das nossas vidas!...

v

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Agora e sempre é a ecologia quem manda

Finalmente veio a chuva tão ansiada pelos agricultores, pois os agros mirravam a cada dia, trazendo problemas à alimentação dos gados.

Um facto que devia ser motivo de satisfação geral, tem causado angústia e dor para bastantes pessoas, visto que, em alguns (bastantes) lugares a água foi tanta que inundou habitações, garagens e até ruas inteiras causando prejuízos de vária ordem.

Choverá agora mais que há um século? É bem claro e super evidente que não! Então por quê tais acidentes aquáticos?

Pelo descuido e desmazelo humano e, o que é muito pior, pela ganância de uns tantos que, só tendo em mente o lucro, se meteram a construir onde não deviam. Na Natureza há regras milenares que têm, queiramos ou não, de ser cumpridas.

Primeiro é importante manter abertos e limpos, todos os caminhos de trânsito da água. Segundo os campos que dantes eram belos parques relvados ou cobertos de uma qualquer vegetação estão agora cimentados ou asfaltados, impermeabilizando a absorção, pela terra, dos excedentes pluviais. E, por último, contra tudo o que manda o bom-senso, construíram-se casas e outras coisas que tornaram em albufeira o que, num passado bastante próximo, eram livres cursos de água dos Invernos longos de então.

O Homem – esse bicho que já não é digno de H maiúsculo – só tem vido a fazer e a cometer disparates antinaturais e, o que é revoltante, não dá um passo para mudar este triste estado de coisas.

Tudo vai mal e ninguém – fale-se dos políticos, governantes, engenheiros, arquitectos, construtores, eu sei lá quem mais – faz nada para travar e resolver os problemas criados!

Depois lamuriam-se os povos… Mas que grande merda!...

terça-feira, janeiro 01, 2008

Ano Novo - Vida Nova?1...

Diziam os “antigos: «Ano Novo – Vida Nova»! No que eu, sem saber porquê, nunca fui capaz de acreditar. Também nunca consegui ver qualquer mudança a não ser nos dígitos do calendário que me fizesse acreditar em tal asserção.

As ervas continuavam a crescer como há milhões de anos; as alimárias alimentavam-se como sempre; o vento soprou como toda a vida bufou; as águas nos ribeiros cantaram do mesmo modo como soaram; os homens continuaram bons ou maus como sempre fora, e é, de seu feitio; as empresas fechavam ou abriam as contas à moda do tempo dos mercadores fenícios.

«Ano Novo – Vida Nova!» Em quê e por quê?

Talvez nas intenções – pensava eu – mas não via alterações. O Mundo seguia seu trajecto pelo espaço – diziam que infinito – e as estações do ano lá se iam sucedendo numa cadência cronométrica impressionante e sempre igual.

Por que caiem os homens em formas idiomáticas sem nexo – autênticos chavões linguísticos bonitos de ouvir – mas nulos de sentido e de consequências irrealizáveis?

Fiquemos por aqui, a nossa “estupidez” não dá para mais e, portanto, o melhor é esperar que este 2008, seja menos agressivo que o anterior, embora, de antemão, saibamos que tal não sucederá., pois o “Deus Marte” não alterou seus princípios e regras éticas, de besta sempre disposta a criar e a alimentar conflitos.

Ao menos reste-nos uma esperança em que, nem sequer acreditamos, porém necessitamos dela como “de pão para a boca”!

«… Fiat voluntas tua!...»