segunda-feira, novembro 27, 2006

Desejo do Poeta

O Poeta e pintor Mário Cesarini de Vasconcelos, um dos fundadores, em Portugal, do surrealismo, morreu. Afinal os artistas, grandes ou pequenos, embora sendo o condimento que dá sabor à vida das comunidades em que estão inseridos, também morrem! Todos morremos!

Por isso eu escrevi, para mim e para todos os poetas que me antecederem e me sucederem nessa hora sublime de libertação espiritual, o poema que se segue e que intitulei “Desejo do Poeta”:

Quando o poeta morrer,

não chorem quem vai no ‘squife.

Aplaudam a sua obra,

batam palmas, muitas palmas”[1]

e leiam os versos seus!

O poeta não quer flores,

ou tochas na sepultura,

pois se sente agraciado

por lerem os seus escritos

com empenho e muito amor.

Batam palmas, muitas palmas,

na hora do funeral!

O poeta viverá

no seio do seu legado

doado com sentimento.

Por isso, ó humanidade,

bate palmas, muitas palmas.

- Lembra-o p’la Eternidade!



[1] - Salmos

quinta-feira, novembro 23, 2006

Evoluir para solucionar

Aprendi, na infância, que o honrar a palavra dada era uma das grandes virtudes de qualquer pessoa respeitável. E isto era tão evidente que os empregados de meu avô materno diziam dele que «quando o Augusto Cardoso dá a sua palavra, nem que se mije, mas não volta atrás!» No entanto, mormente essa sua faceta de honradez, era também uma pessoa que sabia adaptar-se às mudanças da história e da sociedade em que estava inserido evoluindo positivamente segundo a conjuntura de cada momento, porque, dizia-me ele, «só os burros é que não mudam. Para melhor muda-se sempre, até que daí se possa vir a perder popularidade e vantagens económicas ou sociais!»

Parece-me hoje, que já passaram quase seis décadas, que aquele meu avô, apesar de ter sido homem de poucas letras, não deixava, à sua maneira, de ser um sábio. E, talvez por isso, eu me lembre tão carinhosamente dele como, aliás, do outro avô e das duas avós que tão bem me queriam e me fizeram. Deus os tenha a todos na sua guarda!

Ser homem digo eu – olhando para o passado – é ser-se capaz de honrar compromissos, mas também ser suficientemente inteligente para evoluir discernindo o bem e o mal, de cada instante, virando o espelho do sextante de acordo com a mudança de ângulo solar no horizonte visual.

Vem isto tudo a propósito das políticas da ministra da Educação e do ministro da Saúde, pois, pelo que nos é dado observar, parece-nos que estas pessoas não estão abertas ao que as envolve e, daí, não são capazes de evoluir, pensando nos outros, nos que choram as dores de uma instabilidade profissional e social permanente. Não honram a sua palavra de democratas e de socialistas ou seja: não se abrem à dor dos outros e, como burros teimosos, continuam na asneira e no ostracismo mental de que são feitos.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Preocupação de um homem

Todos sabemos que o mar tem peixes, tem algas, tem mamíferos e outras bichezas importantes à vida dos homens, mas, infelizmente, numa ganância voraz que tudo come e tudo destrói, esquecemo-nos que a vida – toa a vida – precisa de tempo para se reproduzir e ser, já que nada aparece completo e adulto.

Eu sei que bastantes pessoas e instituições ou organizações, por esse mundo fora, se preocupam com isto. Porém também sei que há quem só veja o deus Dinheiro e não têm escrúpulos em fazer das águas um verdadeiro caixote de lixo.

Que tens tu a ver com isso? Perguntar-me-ão. E quem és tu para vires com tal discurso?

É claro que, como o peregrino do Frei Luís de Sousa de Almeida Garret, «não sou ninguém. Ainda assim, não deixo de ser um dos biliões (julgo que seis) de residentes que gozam das instalações desta casa chamada Planeta Terra. Por isso, tal como qualquer outro residente, tenho direito de, à minha maneira, gritar, com revolta e indignação, toda a preocupação que me enche a alma e desse modo recomendar à entorpecida humanidade que, em conjunto ou individualmente, tudo faça e diga afim de que ninguém se quede com os braços cruzados a olhar, estupidamente, para a destruição que nos envolve e urge fazer parar.

Eu grito. Os outros (todos) façam o mesmo e o Mundo será salvo para bem das gerações vindouras! O tempo urge e há que avançar sem temores, nem «parece mal» de que nos arrependeremos. Abaixo o “política ou socialmente correcto”!...

sexta-feira, novembro 17, 2006

Oposição ou destruição?

Devo confessar que estou a ficar velho, porque ouço e vejo os noticiários das televisões e dos jornais e há muitas notícias e factos que me deixam apreensivo e deveras confuso. É o caso dos políticos ou”politiqueiros” que acusam os governantes disto e daquilo: tudo péssimo. Para, logo de seguida, surgirem afirmações internacionais e agora também do próprio Presidente da República que apoiam a actuação desses governantes.
Em que ficamos, afinal? Quem tem razão, os governantes que teimam em tomar as decisões ou os políticos opositores que os acusam e criticam severamente? E quando estiveram na governação, fizeram, por acaso, melhor?
Eu, por mim, só aceito comentários de quem for mais sabedor do que eu ou de quem seja capaz de fazer melhor do que eu faço ou fiz. Isto que pode ser tido como uma impertinente falta de humildade, não o é, de modo nenhum. Assim também, acho eu, quem, quando teve poderes para tal, foi incapaz de mudar o país para um verdadeiro jardim, também agora não tem força moral para dizer o que quer que seja, salvo se o fizer com sentido de ajuda e colaboração e não com intenção de estragar para vir a retomar o poder e, dessa forma, voltar a ter audiência e importância no meio em que pretende imperar de novo.
Quando abandonei (por falta de cumprimento de promessas oficiais) um empreendimento que, com tanto amor, criei houve pessoas, com sérias responsabilidades no aparelho do Estado, que disseram: «Não faz mal! Nós pegamos naquilo e vamos para a frente com o projecto!» Já passaram dez anos e ninguém mais foi capaz de cumprir aquela falácia. “Aquilo” que tinha boas pernas para andar está, ainda, sem que ninguém lhe pegue até ao dia (penso que breve) em que as paredes construídas desmoronem e sejam meras ruínas de um belíssimo sonho que a estupidez e a inveja dos técnicos de um organismo estatal destruíram.
Falar é fácil!...

quarta-feira, novembro 15, 2006

Salvemos a Terra

Quando alguém está sozinho – falo por mim – põe-se a magicar nas coisas mais incríveis e menos viáveis de acontecer ou tornar possíveis. Há tempos, eu acreditava – num desses tais momentos de solidão reflectiva – que era capaz de me elevar no espaço, vencendo a lei da gravidade apenas através da minha “força mental”.
É um disparate, bem sei! Todavia, é (parece-me) um disparate muito saudável, porque, não passando de um sonho, era aquilo a que o Dr. A. Rómulo de Carvalho (António Gedeão) chamou de “sonho” e acrescentou concluindo «quando o homem sonha, o mundo pula e avança.»
Realmente foram os sonhos dos homens que trouxeram os grandes inventos e nos puseram ao dispor os mais avançados meios de viver e sobreviver num planeta que, sendo a nossa casa, tem muita agressividade no seu rodar pelo espaço infinito.
A Terra é um planeta com vida a emergir de todo o lado, mas é um planeta em que é necessário criar defesas contra tudo o que pode destruir-nos e destruí-lo. Não estamos num mundo doce e suave, feito só de rosas e belas orquídeas, estamos num lugar de contrastes e conflitos da Natureza e, também, do Ser Humano que, insensatamente, não cuida, como era sua obrigação, de salvaguardar a sua (única) casa e a conspurca a cada instante e a degrada na ânsia, tantas vezes fútil, de enriquecer para gozar o “dolce fare niente” e, em consequência, morrer de tédio e fastio de viver.
Eu grito à minha maneira, os ecologistas (filiados em organizações afins) também o fazem, contudo, desgraçadamente, ainda há milhões de ouvidos moucos que é preciso fazer com que escutem e vejam (ou queiram ver) uma realidade palpável e preocupante.
Que ninguém desista, nesta luta fundamental pela Natureza e pelo Homem que dela faz parte!...

O mundo e o Homem

Há quem diga que as coisas não vão bem no Mundo dos nossos dias. Não contesto porque o que está à vista escusa candeia, como diz o povo.
Mas o que é afinal que não está bem? O Mundo ou Homem?
O Mundo rege-se por leis universais de que não foge há milhões de anos. Quanto ao Homem... Tudo é bem diverso e, por isso, nada é constante e linear. Face a tais irregularidades surgem as agressões ás "leis universais" e, depois, vem as mutações negativas que fazem com que digamos, estupidamente, tudo vai mal.
Quando é que nos consciencializamos dos nossos próprios erros e deixamos de atirar para cima dos outros as culpas que são só nossas?

segunda-feira, novembro 13, 2006

Regresso

Deitados os tapumes abaixo, arrumadas as ferramentas e reabertas as portas é tempo de reiniciar actividade. As obras acabaram e é premente prosseguir a luta, de olhos bem abertos e de entusiasmo activado por uma imensa vontade de Ser e de Existir, rumo ao futuro que se deseja ditoso, porque mais justo e mais empenhado na busca de uma vida melhor, com mais paz e amor, mormente se saiba, por antecipação, que a actualidade não é de rosas e que nada cai do céu, qual abençoado maná das manhãs do deserto, no tempo de Moisés.

Palavras são palavras e as intenções só são de considerar quando se tornam efectivas na plenitude das realizações. Nós, povo humilde, que trabalhamos, gememos, choramos e que, a mais das vezes, rilhamos os dentes com raiva e dor, já não nos motivamos com o “benefício” dos discursos lindos e inflamados dos políticos. O que é preciso é mostrar obra: é dar trabalho, pão e razões de luta ao povo cansado e gasto de tanto sonhos erguidos e não efectivados.

“Quem tem ouvidos, ouça!” – Dizia Jesus.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Um aviso aos leitores

Nem tudo corre a nosso gosto e querer. Às vezes há imprevistos ou contratempos que nos fazem alterar a rota inicialmente traçada e seguir por outro caminho, talvez não tão acessível, mas que nos pode possibilitar a chegada ao mesmo objectivo. Contudo, também existem situações ou circunstâncias, tão imponderáveis que nos obrigam, quer se queira, quer não, a parar por algum tempo, mesmo que breve, para, depois, naturalmente, se prosseguir o destino e, concomitantemente, retomar o nosso projecto.

É o meu caso, neste momento.

Por razões técnicas, a que sou totalmente alheio, vou ficar, por uns dias (uma ou duas semanas), impossibilitado de comunicar com a Internet e, por isso, incapacitado de renovar o blogue, bem como de enviar e receber correio electrónico (vulgo emails).

Apetece-me fazer como os empreiteiros de obras públicas e colocar uma grande tabuleta a dizer: «Pedimos desculpa pelo incómodo. Prometemos ser breves.» Não desistam, por isso, de visitar este blogue, pois de um instante para o outro tudo pode cvoltar à normalidade e, então, cá estarei para vos agradecer a paciência e a preferência. Obrigado!

quinta-feira, novembro 02, 2006

Amor Eterno

“Aquela leda e triste madrugada”[1]

bem viu a bela entrega de ternura,

tornada em simples dada apaixonada

de amor puro e sincero, que perdura.

Aquel’ momento foi tudo e foi nada.

pois transformou-se, ó Deus, por essa altura

numa obsessão fantástica e lembrada,

como uma vil maleita de clausura.

Gastou-se Apolo mil vezes passando,

em seu carro vistoso, pelo Céu

sem, daquela ilusão, romper o véu.

E nada se esvaiu, sempre ficando

por uma eternidade desejada,

mas, dolorosamente, consumada.

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1 – Líricas de Camões

(Do meu livro a publicar:«Sentimentos»)